quinta-feira, novembro 09, 2006

O renascimento e a força do sim

O renascimento e a força do sim


Após longo interregno justificado pela ausência dos principais factores para as minhas vindas até aqui: tempo e vontade, cá estou eu de volta ao Rupturas.

Li a frase num qualquer lugar que já não recordo: "o renascimento e a força do sim"... ficou-me na memória ainda que não lhe encontrasse sentido algum. Hoje, esta frase de aparente desconexção, apareceu com um sentido muito próprio e óbvio.

O renascimento e a força do sim, como se o renascimento para um qualquer começo que estará para acontecer necessite, em desespero, de um sim - fundamentalmente de quem renasce.
O renascimento é como a Primavera - uma efervescência de vida em que o tempo não chega para acompanhar os sentidos. Nuvens brancas e céus azuis de intermeio com a chuva da gota a gota como recordações que caiem, lavam e limpam... e, sempre o tempo que não chega... E, como tu tão bem disseste, renascer no Outono é como se o corpo se rasgasse num tumulto ainda maior de sentidos e emoções.

Xiça, o bem que me faz a tua companhia!

Renascença s.f. Acto ou efeito de renascer (...)

Continuo em leituras castelhanas. No outro dia em que chovia a potes, peguei em Pablo Neruda... engraçado, cada vez que penso no título daquele livro do Lobo Antunes (do António) "Eu hei-de amar uma pedra" apetece-me Pablo Neruda. Há aqui duas questões que não consigo resolver: a primeira - porque a frase "Eu hei-de amar uma pedra" foi paixão á primeira vista, tenho-lhe um amor incrível. A segunda - porque quando "Eu hei-de amar uma pedra" me apetece Pablo Neruda? Perguntas que aguardam as vossas sugestões... há psi's por aí?

FAREWELL
Pablo Neruda

1
Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste, como yo, nos mira.
Por esa vida que árdera en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.
Por esas manos , hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.
Por sus ojos abiertos en la tierra.
veré en los tuyos lágrimas un día.

2
Yo no lo quiero, Amada.
Para que nada nos amarre
que no nos una nada.
Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron las palabras.
Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni sollozos junto a la ventana.

3
Amo el amor de los marineros
que besan y se van.
Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.
En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.
Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.

4
Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.
Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.
Amor que quiere libertarse
para volver amar.
Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.)

5
Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya que no se endulzará junto a ti mi dolor.
Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.
Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.
Fui tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.
Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacía dónde voy.
... Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.