sábado, agosto 05, 2006

Uma viagem ao interior da alma

Não sou um cinéfilo daqueles que vêem todos os filmes, em vez disso, gosto do cinema pelo puro prazer dele, pela psicologia humana.. Depois de anos de Hollywood, acabei por me render ao cinema de Roberto Rossellini e pares... ao cinema que exige do espectador que seja mais do que isso, que pense, que seja activo na construção do mesmo. Numa recente entrevista dada à revista Time, a filha de Roberto Rossellini, Isabella, dizia que "Nós estamos acostumados a ir ao cinema onde te dizem: agora chore, agora um momento de suspense. É passivo..." nada, de facto, acontece, e um espectador é tratado como... um amputado da alma, sem acção e vontade própria.. Enfim, essa é uma característica da nossa sociedade e do nosso tempo: a falta de vontade e a falta de acção...
Mas, da última vez que levei um filme para ver, calhou em sorte "Diários de Che Guevara" ou como no original "Diários de motocicleta" do realizador brasileiro Walter Salles... Em tempo de férias, esta foi uma escolha recheada de sorte.. por tantas razões, algumas das quais inexplicáveis.
O filme, de 2004, tem todos os dons (e mais alguns) do bom cinema, desde o sonho, ao humanismo, às imagens deslumbrantes, às personagens deliciosas, ao "toque" que deixa dentro de cada um... que os filmes, para mim, são isso: o que deixam.
Mas, o que acontece? Segundo a sinopse oficial do filme: Che Guevara (Gael García Bernal) era um jovem estudante de Medicana que, em 1952, decide viajar pela América do Sul com seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de la Serna). A viagem é realizada em uma moto, que acaba quebrando após 8 meses. Eles então passam a seguir viagem através de caronas e caminhadas, sempre conhecendo novos lugares. Porém, quando chegam a Machu Pichu, a dupla conhece uma colônia de leprosos e passam a questionar a validade do progresso econômico da região, que privilegia apenas uma pequena parte da população. Mas, o filme, é muito mais do que isso, muito mais mesmo. Sem revelar mais, sublinho a interpretação mais do que magnífica de Rodrigo de la Serna - inexquecível e a banda sonora.
Não é só um filme sobre Che Guevara. O Che pode ser qualquer um de nós. Há qualquer coisa que sem explicação aparente provoca um tumulto dentro da alma, uma revolução, uma imposição do sentido de liberdade, do sentido de emoção, do sentido da vida. No final, a alma mergulha numa sensação de vazio tão grande, que impõe-se uma mudança, por mais pequena que seja... e ela acontece mesmo.
É uma viagem profundamente simbólica.
Procuro alguém para a viagem.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Regresso

O Rupturas regressa para alegria dos seus milhares de leitores (que eu sei que existem!!). Depois dos céus cinzentos e das águas inesperadas, aí temos o bom calor, os céus azuis, as praias e o mar... e a realidade em desespero.

Cartoon retirado da revista Time


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