Na visita que fiz a um dos blogs anexos, escrevi um comentário a um post relativo ao 25 de Abril. Depois de publicado, achei que fazia sentido (também) neste espaço.
(Desafio aos milhares de leitores de todo o Mundo do Rupturas - que eu sei que existem: se o 25 de Abril pouco vos diz façam as vossas apostas sobre qual o blog de onde advém o comentário.)
Transcrito na íntegra:
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O 25 de Abril é para mim uma angústia.
Tive nas comemorações do 25 de Abril.
Sinto que perco o tempo, ou que o tempo se perde.
O sistema continua todo lá. Eu sou um filho daquela Revolução. O 25 de Abril foi um primeiro passo numa caminhada que ainda não foi iniciada. Falta na nossa sociedade a Revolução dentro das cabeças de todos. Somos, ainda um país numa deriva identitária ideológica. Há quem não faça a mínima ideia do que é a Democracia, porque ela simplesmente parece não existir dentro do corpo social português. Há quem viva como se o tempo não tivesse avançado nos últimos 40 anos...
Por diversas razões, tenho uma paixão enorme pela política. Cada vez que me aproximo, por consciência vejo-me obrigado a afastar no mesmo instante. Enquanto as pessoas forem as mesmas de sempre, enquanto no fundo, o sistema for de Estado Novo, de compadrio, de interesses selvagens, teremos sempre mais do mesmo: a angustiante necessidade de uma Revolução.Continuamos com uma Constituição por cumprir e que necessita de ser revista à luz da proximidade dos nossos políticos às pessoas ( a mim, a ti a nós), continuamos com projectos de interesse de influências corruptivas, continuamos com fundos comunitários vergonhosamente gastos, com uma justiça arrepiante, a educação paralizada... sempre um "mais do mesmo" extramamente cansativo...
Continua um Portugal à procura de uma identidade. Hoje não conseguimos ser europeus, nem ibéricos, nem atlânticos... somos um misto de tudo e nada no mesmo instante, porque as nossas escolas não transmitem os valores culturais europeus, da fundação do pensamento europeu; porque continuamos de costas voltadas à Espanha e ao iberismo (por consequência ao Mundo); porque as nossas relações com o Atlântico perderam-se para um turismo de multidão de praia de carácter selvagem, etc..
(...)
É esta a nossa Democracia? Não é a minha.
Este comentário angustiante já vai longo, bem sei. Espero que não o interpretem como uma ideia de retorno ao passado, mas antes de voltar as costas e de definitivamente olhar em frente para o futuro - um futuro que pode ser melhor para todos nós se nos soubermos educar, existir como portugueses, europeus e cidadãos do mundo e depois educar as nossas crianças com os valores e a ética das nossas raízes - a europeia.Tive um professor que foi um marco gigantesco na educação que hoje tenho e da qual me orgulho. Aprendi em todos os minutos com ele. No auge da construção rodoviária em Portugal na segunda metade dos anos '90, ele um dia disse na aula que "De que serve a construção das autos estradas, se temos caminhos pedrestes nas nossas cabeças?" - Prof. Santos Costa - onde quer que esteja um abraço do tamanho do mundo.
Bj Rui
Abril 25, 2006 7:48 PM
Abril 25, 2006 7:48 PM
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