terça-feira, março 27, 2007

Leave your stepping stones behind, something calls for you

...ainda não aprendi a colocar aqui um "reprodutor" de música.. então, ficam as letras da dita! No fundo, acho que elas dizem tudo, a melodia aparece algures no momento da sua leitura.


It's All Over Now, Baby Blue
(Bob Dylan)

You must leave now, take what you need, you think will last
But whatever you wish to keep, you better grab it fast
Yonder stands your orphan with his gun
Crying like a fire in the sun
Look out the saints are comin' through
And it's all over now, Baby Blue.

The highway is for gamblers, better use your sense
Take what you have gathered from coincidence
The empty handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets
This sky, too, is folding under you
And it's all over now, Baby Blue.

All your seasick sailors, they are rowing home
Your empty handed armies, are all going home
Your lover who just walked out the door
Has taken all his blankets from the floor
The carpet, too, is moving under you
And it's all over now, Baby Blue.

Leave your stepping stones behind, something calls for you
Forget the dead you've left, they will not follow you
The vagabond who's rapping at your door
Is standing in the clothes that you once wore
Strike another match, go start a new
And it's all over now, Baby Blue.

terça-feira, março 06, 2007

Stay with me

Stay with me

A story in two languages
Uma história a duas línguas
I
Abria a porta como todos os dias pelo fim da tarde. A casa, apesar de ser pequena, era demasiado grande. Quando fechava a porta, ouvia ao fundo o eco perturbador da sua batida. Todos os dias quando a abria aquele ruído ecoava dentro de mim. Dava comigo como no fundo de um poço com uma réstia ténue de água salubre onde todos os movimentos ecoavam em círculos de espiral de fora para dentro até ao fundo das minhas entranhas.
Pousava o casaco, quando o trazia, ou simplesmente dirigia os meus acelerados passos até ao escritório ao fundo do hall. Sentava-me e apressadamente ligava o pc. Tinha aquela curiosidade de abrir o e-mail como quem abre um presente, ou melhor, como quem toca à campaínha e espera por alguém do outro lado da porta. Os olhos para mim sempre foram os melhores presentes... Aqueles segundos que antecediam a abertura "da porta" eram inexplicavelmente angustiantes. Deixavam-me numa expectativa que, julgo, era adicionada a alguma dose de adrenalina, pois sentia todo o meu corpo expectante por aquele momento.
Na verdade, eu nunca cheguei a perceber bem porque me sentia assim. Houve um momento que pensei tratar-se de uma mania qualquer perturbadora. Aquilo, realmente não fazia o menor sentido. Num dos dias que mais pensei no assunto, levei-me até ao DSM à procura de alguma sintomatologia semelhante, na ânsia de me ver descrito numa qualquer doença mental estranha. A verdade, é que nunca encontrei o que quer que fosse. Mas, a verdade maior é que eu nunca percebi nada de doenças mentais... Talvez tivesse sido desde o ínicio uma história bem planeada por alguma parte demasiadamente inteligente do meu inconsciente...
Enfim, ainda equacionei a visita a um psi qualquer. Lembrei-me do J. e do F., mas não fazia o menor sentido. Eram tipos que eu conhecia de infância, e o F. sempre me pareceu meio louco. Tive sempre aquela sensação de que ele tinha insistido na psiquiatria para se tratar a ele próprio por vergonha de procurar um agente externo, talvez como se sentisse violado no seu íntimo. De certa forma, eu até entendia isso muito bem. Nunca gostei que me entrassem por mim adentro sem pedir licença, também se a pedissem não a obteriam... E, depois quando tinhamos aquelas saídas de copos, por volta das 2 da manhã no fim de todo o alcool que sorvia, tinha a estranha mania de contar com pormenores os casos mais "excitantes" ou enfadiosos dos seus clientes. Não queria ser o protagonista de uma Sexta Feira à noite num qualquer bar lá da baixa... O J. era demasiado sério para o incomodar com tamanha futilidade. Rapidamente esqueci a ideia.
II
Desconfio que dentro deste meu pc existem milhões de pessoas, com milhões de coisas ou segredos para contar. Mas, no mesmo instante, acho que desaparecem com a mesma velocidade com que aparecem. É aquela estranha sensação de poderes estar em todo o lado e ao mesmo tempo em lado nenhum. É um sentido esquizofrénico da alma, porque o corpo esse permanece no mesmo imutável lugar das partidas e das chegadas. O mesmo acontece com o meu e-mail. Passam por lá centenas de pessoas que desaparecem no mesmo instante. Tenho aquele comando tão precioso que diz "delete" que me provoca um sádico prazer... Também já cheguei a preocupar-me com essa história...
Sempreque abro o meu e-mail, em ânsia angustiante, vou de encontro a ti. Às vezes está lá no fundo no meio da publicidade e das propostas que nunca me interessaram. Oiço-te a rir, vejo os teus malmequeres e sinto a tua respiração . Tu ris e eu sei que o mar azul turquesa está atrás de ti, se tiver um daqueles dias de sol que só tu aí consegues ter. Às vezes no fim de te ler transpiro, não sei se de saudade se de alívio. Quando escreves à hora do pôr do sol, eu sinto isso, porque as tuas palavras têm um sabor a crepúsculo. No outro dia quando te tentei explicar a minha saudade tu disses-te que não conseguias perceber o "mourning state of mind" que eu insistia em querer dizer, e repetis-te "stay with me" "stay with me, is all i wish in the morning at the window when i woke up and i whisper my wishes to the sea".
- De onde tiras-te essa frase?
1