sábado, setembro 05, 2009

Yes. We. Can.

O poder da palavra, o poder da esperança e da força do querer. A força da democracia. Da democracia de uma sociedade, do sentido democrático individual. O estímulo do discurso inspirando cada um a acreditar que pode conseguir.
Um momento singular na história da sociedade ocidental.


Discurso de Barack Obama's em New Hampshire


We know the battle ahead will be long, but always remember that no matter what obstacles stand in our way, nothing can withstand the power of millions of voices calling for change.
We have been told we cannot do this by a chorus of cynics who will only grow louder and more dissonant in the weeks to come. We've been asked to pause for a reality check. We've been warned against offering the people of this nation false hope.

But in the unlikely story that is America, there has never been anything false about hope. For when we have faced down impossible odds; when we've been told that we're not ready, or that we shouldn't try, or that we can't, generations of Americans have responded with a simple creed that sums up the spirit of a people.

Yes we can.

It was a creed written into the founding documents that declared the destiny of a nation.

Yes we can.

It was whispered by slaves and abolitionists as they blazed a trail toward freedom through the darkest of nights.

Yes we can.

It was sung by immigrants as they struck out from distant shores and pioneers who pushed westward against an unforgiving wilderness.

Yes we can.

It was the call of workers who organized; women who reached for the ballot; a President who chose the moon as our new frontier; and a King who took us to the mountain top and pointed the way to the Promised Land.
Yes we can to justice and equality. Yes we can to opportunity andprosperity. Yes we can heal this nation. Yes we can repair this world.
Yes we can.

And so tomorrow, as we take this campaign South and West; as we learn that the struggles of the textile worker in Spartanburg are not so different than the plight of the dishwasher in Las Vegas; that the hopes of the little girl who goes to a crumbling school in Dillon are the same as the dreams of the boy who learns on the streets of LA; we will remember that there is something happening in America; that weare not as divided as our politics suggests; that we are one people; we are one nation; and together, we will begin the next great chapter in America's story with three words that will ring from coast tocoast; from sea to shining sea
Yes. We. Can.

segunda-feira, agosto 31, 2009

A lentidão

A lentidão de Milan Kundera

(...) "O homem inclinado para a frente na sua motorizada só pode concentrar-se no segundo presente do seu voo; agarra-se a um fragmento do tempo cortado tanto do passado como do futuro; é arrancado á continuidade do tempo; está fora do tempo; por outras palavras, está num estado de êxtase; nesse estado, nada sabe da sua idade, nada da mulher, nada dos filhos, nada das suas preocupações e, portanto, não tem medo, porque a fonte de medo está no futuro, e quem se liberta do futuro nada tem a temer. A velocidade é a forma de êxtase com que a revolução técnica presenteou o homem. Ao contrario do motociclista, quem corre a pé continua presente no seu corpo, obrigado ininterruptamente a pensar nas suas bolhas, no seu ofegar; quando corre sente o seu peso, a sua idade, mais consciente do que nunca de si proprio e do tempo da sua vida. Tudo muda quando um homem delega a faculdade da velocidade a uma maquina: a partir de então, o seu proprio corpo sai do jogo e ele entrega-se a uma velocidade que é incorpórea, imaterial, velocidade pura, velocidade em si mesma, velocidade êxtase. Curiosa aliança: a fria impessoalidade da técnica e as chamas do êxtase. O culto do orgasmo: o utilitarismo puritano projectado na vida sexual; a eficácia contra a ociosidade; a redução do coito a um obstáculo que se deve ultrapassar o mais depressa possivel para se chegar a uma explosão extática, único verdadeiro alvo do amor e do universo. Porque terá desaparecido o prazer da lentidão? Ah, onde estão os deambuladores de outrora? Onde estão esses heróis indolentes das canções populares. esses vagabundos que preguiçam de moinho em moinho e dormem ao relento? Terão desaparecido com os caminhos campestres, com os prados e as clareiras, com a natureza? Há um provérbio checo que descreve a sua ociosidade por meio de uma metáfora: comtemplam as janelas de Deus. Quem comtempla as janelas de Deus nao se aborrece; é feliz." (...)
Pois necessitamos de desertos sem tempo, de preliminares longos, de olhares demorados, de olhos abertos que se fecham por tempo indeterminado... Aquiles ou Ulisses? Ulisses pois!

sábado, janeiro 10, 2009

Two gentlemen of Verona

Comecei o ano com "Two gentlemen of Verona" de Shakespeare.As aventuras da paixão, do amor e da amizade de Valentine e Proteus e a disputa pelo amor de Silvia...

(Act 3, Scene I):

VALENTINE
And why not death rather than living torment?
To die is to be banish'd from myself;
And Silvia is myself: banish'd from her
Is self from self: a deadly banishment!
What light is light, if Silvia be not seen?
What joy is joy, if Silvia be not by?
Unless it be to think that she is by
And feed upon the shadow of perfection
Except I be by Silvia in the night,
There is no music in the nightingale;
Unless I look on Silvia in the day,
There is no day for me to look upon;
She is my essence, and I leave to be,
If I be not by her fair influence
Foster'd, illumined, cherish'd, kept alive.
I fly not death, to fly his deadly doom:
Tarry I here, I but attend on death:
But, fly I hence, I fly away from life.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Freelove

Freelove

If you've been hiding from love
If you've been hiding from love
I can understand where you're coming from
I can understand where you're coming from

If you've suffered enough
If you've suffered enough
I can understand what you're thinking of
I can see the pain that you're frightened of

And I'm only here
To bring you free love
Let's make it clear
That this is free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love

I've been running like you
I've been running like you
Now you understand why I'm running scared
Now you understand why I'm running scared

I've been searching for truth
I've been searching for truth
And I haven't been getting anywhere
No I haven't been getting anywhere

And I'm only here
To bring you free love
Let's make it clear
That this is free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love

Hey girl
You've got to take this moment
Then let it slip away
Let go of complicated feelings
Then there's no price to pay

We've been running from love
We've been running from love
And we don't know what we're doing here
No we don't know what we're doing here

We're only here
Sharing our free love
Let's make it clear
That this is free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love

quinta-feira, outubro 30, 2008

A pele marca o tempo

Ser livre, é também, chegar ao fim de um dia longo com um sorriso de tranquilidade. Sentir que o tempo não está perdido.

A pele marca o tempo
na tua face tens os momentos
tantas as horas
os risos, sofrimentos
a sede e a fome do mundo
um turbilhão de sentimentos.

Rui Miguel SF

sexta-feira, setembro 05, 2008

Vier letzte Lieder

Há muitas formas de sentir uma música. Vier letzte Lieder são um caso especial. Desde a primeira vez que as ouvi, não mais deixaram de me inquietar. Reconheço, de imediato o início de Früling e sinto as cores e a “passagem”, a espera de September. O magnífico Beim Schlafengehen... e, Im Abendrot, é de uma beleza e suavidade indescritíveis. As quatro músicas invocam um ambiente único que proporcionam aos sentidos um desmembramento e uma flutuação de alma para um sub mundo interno sempre tão estranho a nós mesmos.
São obras de extrema beleza e cuidado. Emanam um profundo e único sentido de calma e contemplação pela vida, onde o fim, a mudança são encarados com tranquilidade e aceitação. As coisas simples e humildes da vida que fazem a essência humana.
É do mais puro da arte.
Voltei a ouvi-las, em excertos, como sonorização de um documentário da RTP. Já não as ouvia à imenso tempo e aos primeiros acordes, não evitei a surpresa, a inquietude. Sentei-me e vi o documentário até ao fim.
Neville Cardús disse a propósito deles que era a mais bonita despedida do mundo que o grande músico podia ter feito.
As Vier letzte Lieder (quarto últimas canções) - Früling (Primavera), September (Setembro), Beim Schlafengehen (Indo dormir), todos poemas de Hermann Hesse e Im Abendrot (Ao entardecer), poema de Eichendorff - foram as últimas criações do compositor alemão Richard Strauss. Tinha 84 anos quando as compôs e não conseguiu viver para presenciar a sua estreia em palco a 22 de Maio de 1950 em Londres - pela soprano Kirsten Flagstad e a Philarmonia Orchestra conduzida por Wilhelm Furtwängler.

Im Abendrot
(Text: Joseph von Eichendorff)

Wir sind durch Not und Freude
gegangen Hand in Hand,
vom Wandern ruhn wir (beide)
nun überm stillen Land.

Rings sich die Täler neigen,
es dunkelt schon die Luft,
zwei Lerchen nur noch steigen
nachträumend in den Duft.

Tritt her und lass sie schwirren,
bald ist es Schlafenszeit,
dass wir uns nicht verirren
in dieser Einsamkeit.

O weiter, stiller Friede!
So tief im Abendrot.
Wie sind wir wandermüde–
ist dies etwa der Tod?


Ao entardecer
(Poema de: Joseph von Eichendorff)

Pela dor e a alegria
caminhámos de mão dada,
do nosso deambular descansamos agora (ambos)
na quietude do campo.

Os vales curvam-se em nosso redor,
o ar torna-se escuridão,
apenas duas cotovias elevam,
anelantes, o voo em pós da noite perfumada.

Vem para aqui e deixa-as voar,
em breve serão horas de dormir.
Oxalá não nos percamos
nesta solidão.

Oh vasta paz serena,
tão profunda ao entardecer!
Que cansados estamos de vaguear!
Acaso será isto a morte?

terça-feira, setembro 02, 2008

Fortaleza

Fortaleza
Rui Miguel SF

Bate o vento nordeste na fortaleza
da muralha voa o pó, a poeira
a luz do céu fica incerta
e o chão da terra areia.

Logo veio a noite mais escura
e dela nunca a lua se viu
nem isso te quebrou os muros
mas, aqui nada resistiu.
Quebraram os que se pensavam fortes.
Nesta guerra
morrem aqueles que procuram a morte,
na suja terra.
Não há uma noite que se durma,
com o coração alerta
sob o frio vento norte
ninguém se acostuma.
Na dor há quem desista
quando nenhuma é a esperança e,
da muralha da fortaleza
só a poeira, só a areia.
"Não há um que seja mais forte",
sentenciou a morte.
Perderam os dois, atirados à dor.

Perdeu o amor.

quinta-feira, agosto 28, 2008

"La poesia es música que habla"

"La poesia es música que habla"
Horacio Ferrer

Desnuda sobre la cama
Rui Miguel SF

Quisiera tocarte con las manos,
de mañana, a la tarde, en la noche,
tener tu piel entre mis dedos
desnuda sobre la cama.

Me aprisionan tus ojos de luna llena
y a la luz del cielo,
tu cuerpo desnudo sobre la cama,
eres del paraíso dueña.

Cuando no estas, te sueño
...desnuda sobre la cama,
nun mundo dorado
sin cuerpos, solo almas.

Estas desnuda sobre la cama...
Abrazos y besos
la luz de luna
y nuestro silencio.

Revisto gentilmente por Elizabeth Biondi Rojas


Este no es mi lenguaje nativa, pero es la sonoridad que procuraba; las palabras tienen sonidos propios, que los lugares, las calles, las personas le dan y crean en las palabras significados singulares.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Um trio de trovas

Um trio de trovas, por Rui Miguel SF

1.
Trova (N.N.)

São os teus olhos, as tuas mãos
o teu cheiro e o teu corpo
a tua voz canção
que me dão o ar de vida que sorvo.

2.
Trova (do mar)

Corre veloz o vento do mar
traz à terra os sonhos e a ilusão
de outro lugar
onde está o coração.

3.
Trova (da alma)

É de maresia o meu olhar
a minha pele é do teu sal
tenho sonhos azuis de mar
deste-me o nome de Portugal.